SÃO PAULO — Um ano e cinco meses depois do decreto que estabeleceu a quarentena em São Paulo, no início da pandemia da Covid, caem nesta terça-feira (17) todas as restrições ao funcionamento de serviços e comércios no estado. Estabelecimentos comerciais não terão mais limitações de horário nem de ocupação.Também serão liberados eventos sociais, culturais e feiras corporativas, embora estes com controle de público. Em todos os casos, porém, o uso de máscara continua obrigatório. A regra foi adotada em maio do ano passado. Recomendações de distanciamento social e protocolos de higiene também seguem, assim como a proibição de eventos que gerem aglomerações.
A reabertura acontece em meio ao avanço da variante Delta no país e a críticas de especialistas de que a pandemia ainda não acabou. Chamada de “retomada segura” pelo governo do estado, o tema causa controvérsia inclusive dentro do grupo de cientistas que auxilia o governo paulista na gestão da pandemia. O grupo foi desmobilizado pelo governador João Doria, como mostrou reportagem do GLOBO.
A Sociedade Paulista de Infectologia manifestou preocupação com a flexibilização das restrições do comércio diante do avanço da variante delta. “Entendemos que a abertura deveria ser mais gradual e lenta, face aos riscos representados pela variante delta do novo coronavírus que causa a Covid-19”, informa carta enviada pelos médicos.
Segundo o alerta dos médicos, a variante é “duas vezes mais transmissível, e uma pessoa infectada expele até mil vezes mais vírus que aquela com Covid-19 causada por outra linhagem do coronavírus”. A carta lembra que mesmo em países com vacinação mais acelerada, como Estados Unidos e Israel, tiveram aumento de casos e mortes em virtude da chegada da variante delta.
São Paulo tem hoje 92% da população adulta vacinada com a primeira dose. Estudos mostram a importância da segunda dose para uma proteção eficaz contra o coronavírus – e apenas 29% da população do estado tem hoje o esquema vacinal completo. Além disso, há previsão de aumento de casos e internações em idosos, como já acontece em cidades como o Rio de Janeiro. A vacinação de adolescentes entre 12 e 17 anos em São Paulo deve começar a partir de quarta (18).
O respeito à obrigatoriedade de máscaras é outro tema polêmico, uma vez que punições dificilmente são aplicadas. Quando usadas corretamente, as máscaras protegem quem as usa e ainda ajudam a evitar a transmissão do novo coronavírus.
Como ficam comércios e serviços
A liberação total está autorizada para todos os 645 municípios de São Paulo. Mas cada um pode decidir sobre a adesão à reabertura.
Seis cidades do ABC paulista, por exemplo, resolveram manter regras mais rígidas, com limitação de ocupação de público em estabelecimentos em 80% e funcionamento permitido até meia-noite.
Com a revogação da quarentena, passam a funcionar sem restrições: Comércios e serviços como bares, lanchonetes e restaurantes; shoppings, galerias, lojas; academias de ginástica e clubes; salões de beleza, barbearias e clínicas de estética; museus, cinemas, teatros e shows com público sentado.
Eventos sociais, culturais e feiras corporativas: Ficam liberados, com controles de filas e espaços com demarcações e distanciamento social. No caso de casamentos, formaturas e jantares, por exemplo, são proibidas pistas de dança e deve haver distanciamento de ao menos um metro entre as mesas. Consumo de alimentos e bebidas é permitido apenas para convidados sentados.
Shows com público em pé, pistas de dança e torcidas em estádios: Ainda estão proibidos. A previsão é que esses eventos sejam autorizados a partir de 1º de novembro.
Supermercados, bancos, farmácias e postos de gasolina: Classificados como serviços essenciais, já tinham autorização de funcionamento em qualquer horário.
Parques: Já estavam liberados desde 1º de agosto. Cabe a cada unidade determinar seus horários de abertura e fechamento.
Circulação noturna: O chamado “toque de restrição” que valia das 23h às 5h foi suspenso em 1º de agosto em todo o estado. A Prefeitura também suspendeu o rodízio noturno de carros, que volta ao modelo tradicional, das 7h às 10h e das 17h às 20h, de segunda a sexta-feira.
Testagem: Testes de Covid entre participantes de eventos e festas não serão exigidos, mas o governo diz que eventos poderão ser multados caso sejam constatadas aglomerações.
Segundo a Secretaria de Saúde do estado, São Paulo registrou até segunda-feira (16) ao menos 4.170.541 casos de Covid, e 142.609 pessoas morreram em decorrência da doença.