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O prefeito Bruno Covas (PSDB) enfrentará Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno da eleição para a Prefeitura de São Paulo, no próximo dia 29, após uma disputa marcada pelo derretimento de Celso Russomanno (Republicanos), candidato do presidente Jair Bolsonaro.

O tucano confirmou seu favoritismo apontado pelas pesquisas e, após 99,9% dos votos apurados​, tinha 32,9% dos votos válidos. Boulos atingiu 20,2%, seguido por Márcio França (PSB), com 13,6%, Russomanno, com 10,5%, Arthur do Val (Patriota), com 9,8%, e Jilmar Tatto (PT), com 8,7%.

Joice Hasselmann (PSL) tinha 1,8%, seguida de Andrea Matatazzo (PSD), com 1,6%, Marina Helou (Rede), com 0,4%, Orlando Silva (PC do B) e Levy Fidelix (PRTB), com 0,2% cada, Vera Lúcia (PSTU), com 0,06%, e Antônio Carlos (PCO), com 0,01%.

Com protocolos inéditos devido à pandemia da Covid-19, a votação deste domingo (15) foi marcada pelo país por alta abstenção e problemas técnicos.

O índice de abstenções, de 23,1%, foi o maior para pleitos municipais dos últimos 20 anos —contra 17,6% no primeiro turno de 2016. Em São Paulo, chegou a 29,3%.

Após as 23h do domingo, quando as projeções já indicavam o segundo turno entre Covas e Boulos, os candidatos deram declarações à imprensa e já se alfinetaram.

Na sede estadual do PSDB, nos Jardins, Covas atacou o que vê como radicalismos de adversários e se colocou como uma candidatura que tem como características a experiência e moderação. Também afirmou que Bolsonaro foi o grande perdedor da eleição.

“A esperança venceu o radicalismo no primeiro turno e a esperança vai vencer o radicalismo no segundo turno”, disse Covas. “Nosso grande diferencial é que não apenas a gente apresenta promessas, mas mostramos experiência”.

Questionado pela reportagem sobre os motivos de se referir a Boulos, Covas afirmou que era o repórter e não ele quem dizia que o candidato é radical. “Eu só falei que vou vencer o radicalismo”.

O prefeito definiu como radicalismo “desrespeito à lei, à ordem, à democracia, à união de forças. Isso é o radicalismo que a cidade de São Paulo não quer”.

Boulos, posteriormente, rebateu a afirmação. “Eu vi a declaração do Bruno de que a disputa seria da moderação contra o radicalismo. A disputa não é essa. Ele está errado. A disputa é da mesmice contra a esperança”, disse.

“Radicalismo para mim é a cidade mais rica do país ter gente que revira o lixo para comer, é no meio de uma pandemia ter uma prefeitura que mantém hospitais fechados”, afirmou, em resposta a críticas de Covas e aliados.

Boulos fez o pronunciamento em sua casa, no Campo Limpo (zona sul). O candidato do PSOL afirmou que telefonaria a candidatos do campo progressista em busca de apoio no segundo turno.

Mais tarde, Tatto informou que telefonou a Boulos e declarou seu apoio a ele. O ex-prefeito Fernando Haddad (PT) também se manifestou no fim da noite do domingo a favor do candidato do PSOL.

Na manhã deste domingo, Covas esteve cercado de apoiadores. Acompanhou a votação da ex-prefeita Marta Suplicy, do governador João Doria (PSDB) e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

“Time que ganha Copa do Mundo não escolhe adversário”, limitou-se a dizer.

Também pela manhã, em meio a aglomeração de militantes e jornalistas, Boulos votou acompanhado da mulher e das filhas e disse ter confiança de que iria ao segundo turno e, nesse caso, de que ganharia a eleição contra o hoje favorito Covas.

“Está sendo o resgate de um jeito de fazer política com esperança, com sonho, com princípios”, disse.

Ao votar, na manhã de domingo, Tatto indicou a disposição de se aliar ao candidato do PSOL caso ele fosse para o segundo turno.

O ex-presidente Lula (PT), também em seu local de votação, responsabilizou diretamente o candidato do partido pela decisão de manter sua candidatura, após os apelos para desistir ou declarar apoio a Boulos ainda no primeiro turno.

O ex-presidente disse que a posição de Tatto, informada à presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, foi “uma atitude soberana” do ex-deputado federal.

Petistas chegaram a demonstrar irritação com os pedidos e a movimentação de Boulos pelo voto útil da esquerda ainda no primeiro turno, mas tudo indica que o PSOL receberá o endosso do PT afinal.

Em uma reunião na terça (10), Gleisi pressionou Tatto a desistir, mas ele não cedeu. A campanha do petista agora cobra explicações a respeito do vazamento desse encontro, que criou um fato político negativo na reta final e foi visto como um movimento da direção do PT pelo voto útil de esquerda.

“Gleisi vai ter que dar uma explicação. Passamos dois dias desmentindo a possibilidade de desistência”, afirma o deputado estadual José Américo (PT), coordenador de comunicação da campanha de Tatto. Para ele, o PT errou também em insistir em candidatos próprios e não buscar alianças na pré-campanha, inclusive em São Paulo.

Enquanto parte do PT viu na fala de Lula apenas uma defesa de Gleisi, outros petistas entenderam que o ex-presidente se eximiu da responsabilidade e jogou em Tatto o peso da falta de acerto com o PSOL e de levar adiante uma candidatura derrotada.

Também candidato em São Paulo, Orlando Silva (PC do B) criticou Lula. “Não se atira num inimigo caído, nem se abandona companheiro ferido. Para se afastar da derrota, se oferece a cabeça do companheiro?”, tuitou.

post foi curtido por Tatto, que depois desfez a ação. Segundo a campanha do petista, a curtida foi feita por um assessor sem aval do candidato.

Mesmo que perca a eleição, Boulos já conseguiu o feito de superar o desempenho do PT na capital, que, desde 1988, venceu as eleições, foi para o segundo turno ou ao menos terminou em segundo lugar.

O segundo turno de 2020 é uma nova versão da tradicional polarização entre esquerda e direita na cidade. Mais viável que Tatto, Boulos acumulou durante a campanha o apoio de petistas históricos.

 

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/11/boulos-enfrentara-covas-no-segundo-turno-em-sao-paulo-projeta-datafolha.shtml
Imagem: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/11/boulos-enfrentara-covas-no-segundo-turno-em-sao-paulo-projeta-datafolha.shtml

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