Debates na manhã do segundo dia da ROG.e mostram como essas fontes energéticas auxiliam o processo de evolução energética.
O diretor de logística da Petrobras, Claudio Schlosser, avalia que as biorrefinarias são fundamentais na transição energética nacional pelas soluções de baixo carbono. “Já desenvolvemos o diesel R5, composto por solução renovável (óleo vegetal e gordura animal) que tem um custo mais barato com venda de 10 milhões de litros por mês. Este produto já apoia na descarbonização. Além disso, nossa posição é muito privilegiada. O país tem três safras por ano, o que promove suprimento de energia, sem impactar na cadeia alimentar”, observou o executivo, no painel “Os Desafios da Oferta Futura de Combustíveis e Biocombustíveis”, no segundo dia da ROG.e 2024, um dos maiores eventos de energia do mundo, que acontece até quinta-feira (26), no Boulevard Olímpico, no Rio de Janeiro.
Para o executivo, a logística é um dos principais desafios para a redução da intensidade de carbono. No Centro-Oeste, citou como exemplo que o crescimento do agro gera aumento de produtividade com maior consumo de energia, o que demanda iniciativas para descarbonização. Schlosser ainda defende uma certificação para que os produtos brasileiros de baixo carbono possam acessar novos mercados globais.
Já Marcelo Cordaro, COO da Acelen, compreende que o SAF (combustível sustentável de aviação) já é uma solução imediata para mobilidade aérea em sinergia com redução de custo, sem precisar levar adiante os elevados aportes da eletrificação de aeronaves. Aposta na macaúba como insumo de grande potencial. “Pela redução de 80% de gases de efeito estufa (GEE) e ser um plantio com captura de carbono potencial de 60 milhões de toneladas. Ainda promove uma solução ambiental sustentável com impacto social pelo cultivo e pela extração de óleo. Queremos que a macaúba seja uma biomassa competitiva no curto prazo”.
Juliano Tamaso, vice-presidente de Supply Chain da Raízen, destaca o crescimento e o fomento ao aperfeiçoamento do etanol de milho, que tem uma produção de mais de 10 milhões de litros por ano no Brasil. “Nossa cadeia logística é monitorada em tempo real, sendo essencial para precisão de abastecimento e entrega, o que ainda reduz o custo do combustível renovável”, disse.
Regulação ajuda a alavancar o mercado de gás
A diretora executiva de gás natural do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Sylvie D’Apote, ressaltou que a Lei do Gás, de 2021, já criou as condições e o contexto regulatório para a abertura do mercado de gás natural. Na primeira metade de 2024 foram assinados mais de 500 contratos de transporte de gás, contra os 39 do ano 2020. “Outro exemplo é que, em 2020, o agente dominante vendia 100% do gás comercializado na malha de transporte. Em março deste ano, outros fornecedores já tinham 25% deste mercado, ou seja, estamos caminhando para a abertura de mercado com maior diversidade de agentes na oferta de gás, o que leva a uma maior competição e a preços mais competitivos”. Sylvie ainda pontuou a complexidade do mercado de gás, que precisa de políticas públicas e regulação tanto a nível federal, como também avanços a nível estadual, para garantir que haja competição também do lado da demanda, através do mercado livre.
Pelo lado do governo federal, Edie Andreeta Junior, assessor da Secretaria Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME), destacou os esforços do governo para o desenvolvimento do mercado de gás natural, buscando aumentar oferta e a competitividade do insumo. “Nossa expectativa é estabelecer remuneração justa e adequada para as infraestruturas de gás, harmonizar a regulação federal com as estaduais e criar um mercado competitivo interno com preços baixos”.
Já Celso Guerra, subsecretário de Desenvolvimento Regional do Governo do Espírito Santo, apresentou o potencial de crescimento do mercado de gás no estado, pontuando os avanços obtidos a partir do programa ES Mais+Gás. “Já temos 7% da indústria no mercado livre de gás e estamos caminhando para 90% nos próximos anos. Tivemos R$ 100 milhões de investimentos logo no primeiro ano do programa, para ampliação significativa da malha de distribuição. E trouxemos contribuições do setor privado para diversas instâncias do governo estadual para avaliar e construir política pública”.
Maior mercado industrial do país, o estado de São Paulo vem avançando na abertura do mercado de gás e conta com o biometano como um energético para crescimento e descarbonização da sua demanda de gás. Segundo Marisa Barros, subsecretária de Energia e Mineração da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística de São Paulo, o estado tem forte vocação energética, e a consolidação da política pública é essencial. “Temos a usina de etanol que hoje é um bioparque, um grande produtor de energia, além das fontes hidráulicas e solar. Temos ainda potencial de produzir quase metade do que o estado consome hoje em biometano. Nesse contexto, a política pública dá previsibilidade ao mercado e oferece mais segurança aos investidores”.
Inovação é chave para o desenvolvimento regional
O vice-presidente de Tecnologia e Inovação da Eletrobras, Juliano Dantas, apresentou no palco principal do iUP Innovation Connections, evento paralelo da ROG.e, o polo de tecnologia que a Eletrobras mantém na região Nordeste. A Eletrobras conta hoje com 73.795 km de linhas de transmissão, que respondem por 38% do total no país.
A Eletrobras conta com uma planta solar flutuante em Sobradinho (BA); um sistema inteligente com armazenamento integrado a um aerogerador e planta fotovoltaica em Casa Nova (BA); uma planta heliotérmica de torre central com fotovoltaica de alta concentração em Petrolina (PE); e um sistema híbrido de armazenamento de energia por baterias integrado à planta fotovoltaica.
“A planta heliotérmica é uma solução pioneira em conexão com o setor de óleo e gás. Trata-se de uma parceria com a SLD Brasil, que prevê a hibridização no uso da torre central integrada com fotovoltaica de alta concentração e armazenamento térmico com água, ficando a geração de energia elétrica via Ciclo Rankine Orgânico”, explicou Dantas.
Segundo o executivo, no polo de tecnologia é possível replicar as oportunidades do Innovation Grid, programa de inovação da Eletrobras que traz demandas, desafios, problemas e oportunidades que a empresa precisa endereçar. “Primeiro, a gente divulga os desafios localmente. Depois, a gente ouve o que as instituições, academia e startups têm a dizer. E aí a gente faz várias ativações nas comunidades locais de startups e de estudantes, e promove desafios. Damos oportunidades para essas pessoas fazerem estágios e até serem empregados pela Eletrobras”, detalhou o executivo.
Drones e robôs na indústria de energia
Drones e robôs são grandes aliados da indústria de energia na busca de redução de custos e aumento da eficiência. Mas, para que os resultados sejam os melhores esperados, é necessário investir em pesquisa e desenvolvimento para encontrar as aplicações buscadas. “A gestão de P&D é específica, complexa e considera a relação entre custos e prazos”, afirma Luiz Acosta, R&D Manager na XMBots.
Ele participou do painel “Robótica e Drones: Revolucionando o setor de O&G”, realizado no iUP Innovation Connections. Rafael Coelho, co-fundador e CEO da Tidewise, que também esteve presente, ressaltou que, para o sucesso das iniciativas, é fundamental uma parceria entre diferentes instâncias. “Acreditamos na colaboração entre indústria, governo e academia, essencial para as ações que queremos implementar. Por conta disso e da colaboração com instituições de ensino, incentivamos os nossos empregados a participarem de programas de mestrado e doutorado”, explica.
Sobre a ROG.e
A ROG.e é um dos maiores eventos do segmento de energia no mundo. Organizado pelo IBP, deverá receber mais de 70 mil visitantes de 65 países diferentes como lideranças do setor, autoridades, investidores, acadêmicos, entre outros públicos. Serão 8 armazéns ocupados com mais de 550 expositores, 7 eventos paralelos e o Congresso.
A ROG.e 2024 conta com patrocínio da Petrobras, Shell, TotalEnergies, Equinor, Galp, Origem, Brava, Petronas, Prio, bp, Chevron, ExxonMobil, Modec, Repsol Sinopec Brasil, SBM Offshore, Acelen, Eletrobras, Excelerate Energy, Ipiranga, Pan American Energy, Vibra, Dell, Nvidia, Naturgy, TechnipFMC, TBG, Trident Energy, ABB, Construtora Elevação, Compass, Foresea, Huawei, Karoon Energy, OceanPact, Perbras, Subsea7, TAG, Transpetro, Vallourec, Renave, além da participação do Governo Federal.