Mercado interno garante crescimento do setor calçadista para 2025

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O mercado doméstico brasileiro, que absorve mais de 85% das vendas da indústria calçadista nacional, deve garantir o crescimento da produção do setor para 2024 e 2025. Esse e assuntos como a concorrência desleal com os calçados asiáticos, as plataformas internacionais de e-commerce foram abordados na coletiva de imprensa da 3ª edição da BFSHOW. O evento, que teve início ontem (11), acontece até amanhã (13) no Distrito Anhembi, em São Paulo/SP.

Frisando o crescimento da produção de calçados entre janeiro e setembro deste ano – conforme o IBGE de 4,8% – , o presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira, destacou que o mercado interno deve garantir o crescimento da atividade para 2024 – estimativa de mais de 3% – e para 2025 – projeção de cerca de 2% de crescimento. “Com isso, em 2025 devemos recuperar as perdas da pandemia, que causou uma ruptura no setor. Neste ano, devemos encerrar com uma produção de mais de 890 milhões de pares de calçados, passando para até 904 milhões de pares produzidos no próximo ano – em 2019, a produção havia sido de 898 milhões de pares.

Concorrência desleal
O dirigente ressaltou, ainda, que o crescimento da indústria calçadista poderia ser ainda mais expressivo, caso não fosse a concorrência desleal imposta pelos calçados asiáticos e pelas plataformas internacionais de e-commerce. “Em 2024, devemos encerrar com uma queda de cerca de 20% nas exportações e crescimento de mais de 20% nas importações de calçados, puxada pelos países asiáticos. São produtos que chegam ao mercado brasileiro com preços abaixo dos praticados no mercado e que concorrem de forma predatória com a nossa indústria”, pontuou. Segundo ele, a Abicalçados está trabalhando para agregar no mecanismo antidumping – hoje em voga contra o calçado chinês, que paga sobretaxa de US$ 10,22 para entrar no Brasil – Vietnã e Indonésia. “Hoje, a produção chinesa está migrando para países próximos com custos ainda menores de mão de obra, que seguem praticando dumping”, acrescentou.

Feira
Na sequência, o CEO da NürnbergMesse Brasil, João Paulo Picolo, destacou o crescimento da BFSHOW, embalada pelo incremento produtivo e pelo aumento da demanda no mercado interno brasileiro. “Temos aqui uma feira que mostra a força do setor calçadista brasileiro. São 238 estandes e mais de 330 marcas de calçados em um espaço total de 25 mil metros quadrados”, contou. Com a previsão de receber mais de 10 mil compradores nacionais e de outros 60 países, a BFSHOW é, hoje, a principal feira de calçados da América do Sul.

Internacional
A coordenadora de Indústria e Serviços da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Mariele Christ, destacou a internacionalização da BFSHOW, que conta com dois projetos da Abicalçados em conjunto com a Agência, por meio do programa Brazilian Footwear. “O Brazilian Footwear, renovado no início do ano, garante mais de R$ 32 milhões em investimentos para o fomento das exportações brasileiras de calçados no biênio”, disse. Na 3ª edição da feira, estão sendo realizados o Projeto Comprador, com 26 compradores internacionais de 16 países, e o Projeto Imagem, com cinco jornalistas de Angola, Chile, Colômbia, Alemanha e Emirados Árabes Unidos. Somando com o total de compradores trazidos em esforço conjunto pela BFSHOW e as duas entidades, são mais de 180 importadores de todos os continentes.

Desafios
Participando da coletiva, Pedro Bartelle, CEO da Vulcabras, principal produtora de calçados esportivos do Brasil, destacou o problema da falsificação, mostrando um exemplar “pirata” de tênis Olympikus. “A indústria brasileira tem muitos problemas, com relação à concorrência desleal, alta carga tributária e custo com mão de obra, que é, pelo menos, 40% maior do que o praticado nos países asiáticos. A falsificação é outro grave problema dessa lista”, disse.

Participaram da coletiva de imprensa, também, o presidente da Calçados Beira Rio, Roberto Argenta; a diretora de Criação da World Colors, Vania Castilho Mestriner; o diretor comercial da Grendene, Paulo Barth; o diretor Comercial da Marina Mello, Rodrigo Martins; e o gerente Comercial da Democrata, Marcelo Paludetto.

DADOS DO SETOR

PRODUÇÃO 2024 (projeção): 882 milhões a 893 milhões de pares (crescimento entre 1,9% e 3,2% ante 2023)

PRODUÇÃO 2025 (projeção): 897 milhões de pares e 904 milhões de pares (crescimento entre 1,1% e 1,9%)

EMPREGO DIRETOS ATÉ SETEMBRO 2024: 294,8 mil (+14,6 mil empregos criados no ano, mas com estoque ainda 2,1% inferior ao do mesmo período de 2023)

EXPORTAÇÃO ATÉ OUTUBRO 2024: 81,2 milhões de pares, -20,7% no comparativo com mesmo período de 2023

EXPORTAÇÃO 2024 (projeção): 95,6 milhões de pares e 101,2 milhões de pares (-19,2% e -14,5% ante 2023)

IMPORTAÇÃO ATÉ OUTUBRO 2024: 29,8 milhões de pares, +20,9% em relação ao mesmo período de 2023 (três países asiáticos, China, Vietnã e Indonésia respondem por cerca de 80% desse volume)

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