Brasil é país convidado de honra e leva mais de 240 peças de artesanato para exposição e comercialização durante uma das maiores feiras do segmento na América Latina.
A Expoartesanías 2024 abriu as portas ao público no dia 4 de dezembro, em Bogotá, na Colômbia. A feira é um dos maiores eventos da América Latina com foco exclusivo no setor de artesanato. Esse ano, a Expoartesanías recebe o Brasil como país convidado de honra, em um pavilhão de 285m².
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) está à frente da participação brasileira no evento, que conta com mais de 240 peças de mais de 100 artesãs. Com o apoio do Sebrae Nacional e da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (ADEPE), cerca de 20 artesãs estão na Colômbia para conhecer a Expoartesanías e prestigiar a exposição de suas obras no Pavilhão Brasil.
As boas-vindas às artesãs brasileiras foram feitas pela delegação brasileira – composta por representantes da ApexBrasil e de organizações governamentais e não governamentais – e pela arquiteta e curadora responsável pela seleção das peças que estão em exposição, Roberta Borsoi. “Esse projeto foi fruto de um esforço coletivo num curto espaço de tempo. A gente não teve tempo de encomendar peças especiais, eram as peças que as pessoas tinham. Queria ter mais peças, as vezes peças maiores, mas a gente conseguiu fazer um trabalho muito bonito com o que a gente tinha disponível. E hoje vocês, artesãs, são as estrelas da casa, vocês estão representando esse Brasilzão grande, um país enorme, por meio da força incrível do artesanato. A gente está nesse evento desbravando, entendendo a dinâmica do mercado para que a gente possa “invadir” o mercado internacional com o artesanato brasileiro. E vamos usar essa oportunidade para trocar conhecimentos, temos muito para mostrar”, ressaltou.
Marco Pulcherio, da empresa Marco 500, responsável por levar as peças do Brasil para a Colômbia e pela comercialização internacional das peças, complementou as boas-vindas dizendo: “É óbvio que a gente quer vender. No entanto, mais do que tudo, o nosso papel aqui é mostrar quão lindo é o trabalho de cada uma de vocês, mostrar ao mundo a força do artesanato brasileiro”.
A abertura da Expoartesanías foi marcada pelo depoimento da artesã Estefany Christina Soares de Carvalho, representante da Cooperativa Inbordal, da região das Lagoas Mundaú e Manguaba, em Alagoas. A cooperativa trabalha com a renda filé, técnica de artesanato regional passada de geração em geração e que hoje movimenta uma comunidade de mais de 30 mulheres e garante o sustento para essas famílias. “Eu estou aqui representando essas 33 mulheres e todas as mulheres artesãs do Brasil. Gostaria de pedir aplausos para cada uma dessas mulheres. O artesanato é muito difícil, a gente trabalha com muito preconceito por ser artesã. Mas, é através desse artesanato que nós mulheres, brasileiras e não brasileiras, conseguimos coisas incríveis. Espero que essa seja uma oportunidade do nosso artesanato ser reconhecido mundialmente. Para nós é uma honra estar aqui, porque jamais imaginávamos participar de uma feira tão importante a nível internacional”.
A abertura contou ainda com as palavras de diferentes autoridades e representantes de instituições colombianas e brasileiras, além de uma apresentação de Carnaval de Barranquilla, tradicional da Colômbia, seguida de uma apresentação de Carnaval brasileiro.
Pavilhão Brasil
A inauguração do Pavilhão Brasil, por sua vez, foi marcada por falas que destacaram a força do artesanato brasileiro feito por mulheres e a importância do setor para as famílias que o utilizam como principal meio de sustento.
A secretária Nacional de Autonomia Econômica e Política de Cuidados, Rosane da Silva, destacou a importância da política do cuidado e sua correlação com o fomento do setor do artesanato brasileiro. “O atual governo brasileiro tem uma preocupação especial com a política do cuidado. Estamos nos inspirando muito na experiência da Colômbia, e, por meio de ações como essa, que fomentam o setor do artesanato, o governo brasileiro está dizendo publicamente que o tema do cuidado é relevante no debate público”, afirmou Rosane da Silva.
A secretária destacou ainda que a sociedade ganha com o trabalho de cuidado que é feito quase que exclusivamente por mulheres. “Então pensar a política de cuidados tem muito a ver com esse debate. A gente precisa liberar o tempo das mulheres, para que elas possam empreender. Nós mulheres, hoje, somos a maioria das chefes de família do nosso país. Não estamos mais sendo apoio, ajuda na renda familiar. Nós somos a renda das nossas famílias. Então, nós do Ministério das Mulheres, juntamente com os demais órgãos do governo, estamos construindo nossa estratégia do empreendedorismo feminino, exatamente para reconhecer o papel das mulheres no empreendedorismo no nosso país. E fortalecer o artesanato no nosso país é fortalecer as mulheres”, concluiu.
A artesã Rodney Ramos, que vive em Rio Branco (AC), compartilhou um pouco de sua experiência de vida e como o artesanato tem impacto fundamental na sua jornada. “Transformo as madeiras que antes iriam para o lixo ou seriam queimadas em biojoias e colares de decoração. Já ganhei vários prêmios, como o selo da Unesco, na Escola de Arte Montevideo, por uma peça que se chama Cores da Mata, que hoje leva o nome da minha marca, Cores da Mata”, relatou, acrescentando que, no começo foi difícil. “Hoje, estou tendo o privilégio de contar a minha história para todos vocês. Eu me capacitei muito e hoje minhas peças saíram num catálogo que ganhou um prêmio. E saem em vários catálogos do Sebrae, são divulgadas em várias redes sociais, e eu tenho muitos clientes também. Minhas peças chegam no mundo todo”, orgulha-se Rodney Ramos.
O painel de abertura do pavilhão brasileiro contou ainda com as falas do Embaixador do Brasil na Colômbia, Paulo Estivallet de Mesquita, e do ministro do Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (MEMP), Márcio Luiz França Gomes.
A diretora de Negócios da ApexBrasil, Ana Repezza, encerrou a abertura destacando a importância do artesanato brasileiro para as mulheres e para a sociedade brasileira. “O artesanato representa a realidade das mulheres brasileiras, dessas mulheres que cuidam da casa, mas também criam peças maravilhosas, que ganham prêmios no mundo todo. Criam peças que vão deixar um pouco de afeto na casa de outras pessoas, no corpo de outras pessoas”, destacou.
Segundo Ana Repezza, o papel do artesanato na economia, na sociedade é muito relevante. “Foi por isso que, já no ano passado, tínhamos essa preocupação de criar um programa de artesanato dentro da ApexBrasil. Essa presença na Expoartesanías é fruto dessa vontade de fomentar o setor do artesanato brasileiro. Não podemos deixar de mencionar o nosso Programa de Mulheres e Negócios Internacionais. Hoje, nossa participação nesse evento é exclusivamente feminina porque sabemos que o artesanato brasileiro é, em sua maioria, feito por mulheres”, lembrou.
“O que a gente está vivendo aqui hoje é a realização de um grande sonho, que é o de, não só apoiar mais mulheres artesãs, mas, principalmente, levar essas mulheres a explorar oportunidades em outros mercados. Além das 20 artesãs que vieram, temos outras 100, que juntas mandaram mais de 240 peças. Essa é uma verdadeira exposição de arte”, ressaltou Ana Repezza.
Programa Brasil feito à mão
No dia 5/12, a programação do Pavilhão Brasil foi marcada pelo lançamento do Programa Brasil feito à mão, que tem como objetivo criar e consolidar projetos que garantam a jornada completa de artesãs e artesãos brasileiros para o exterior, com foco na competitividade exportadora e geração de emprego e renda. “Nós temos um espaço muito grande para crescer nesse tema”, destacou Clarissa Furtado, gerente de Competitividade da ApexBrasil.
“A gente sabe que a realidade financeira de quem trabalha com artesanato é difícil. Cerca de 80% dos artesãos têm renda mínima de até três salários mínimos. E a gente acha que a exportação é um meio de aumentar esses valores, contribuir para mudar essa realidade”, complementou. O Programa visa estimular ainda iniciativas que promovam sustentabilidade, valorização da origem e equidade de gênero.
Curso EAD – Como parte do programa, foi lançado ainda o curso EAD “Brasil Feito à Mão: Como levar seu artesanato ao mundo”, uma iniciativa da ApexBrasil de capacitação de artesãs e artesãos brasileiros para conquistar mercados internacionais. Gratuito e totalmente online, o curso aborda temas essenciais para transformar o talento artesanal em um negócio global e foi estruturado para atender tanto iniciantes quanto artesãos experientes. Entre os tópicos explorados, estão a identificação do apelo exportável dos produtos, os tipos de exportação (direta e indireta), os primeiros passos para negociar internacionalmente, requisitos de embalagem e rotulagem, além de ferramentas para pesquisa de mercado. Com uma carga horária de 20 horas, os participantes têm a liberdade de concluir o conteúdo no seu próprio ritmo, podendo optar por um formato intensivo ou gradual. As inscrições podem ser feitas a qualquer momento, sem limite de vagas, pelo site do curso Brasil Feito à Mão.
Negócios Internacionais
Com o conceito “Um passeio pelo Brasil e suas regiões, tipologias e expressões, guiado pelas mãos que cuidam e criam”, o estande brasileiro já está fazendo sucesso entre o público da feira. No primeiro dia de evento, foram vendidas mais de 50 peças, cujo valor total ultrapassa R$ 15 mil, o que comprova a qualidade e autenticidade das peças brasileiras.
Saiba mais sobre a participação brasileira na Expoartesanías e sobre as iniciativas e artesãs no PRESS KIT, disponível nestelink.
Realização do Pavilhão Brasil
O Pavilhão Brasil na Expoartesanías é organizado pela ApexBrasil, em parceria com o Ministério das Mulheres, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Nacional), o Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (MEMP), por meio do Programa do Artesanato Brasileiro (PAB), o Ministério das Relações Exteriores (MRE) e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Além disso, conta com o apoio do Ministério da Cultura (MINC), Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), Ministério da Igualdade Racial (MIR), Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Banco do Brasil (BB), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Correios, Embrapa, Embratur, Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), MRE/ Embaixada Brasil Colômbia, ONU Mulheres, Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe), CNFCP (Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular) e do Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras).